18 de dezembro de 2012

Patriotas X Casacas Vermelhas = Revolução

 

     Agora chegou o momento de tratar do mais novo jogo da franquia Assassin's Creed, que conta a saga de um novo heroi assassino: Connor. Neste jogo, também ocorre o “desfecho” da epopeia sobre o fim do mundo, protagonizada por Desmond, que “conclui” a trilogia com um final que dá todo o indício de uma continuação.

     A história é inédita na série, mas sua progressão se parece bastante com a dos demais jogos. Primeiro controlamos Haytham, um templário inglês que é enviado à colônia (atual Estados Unidos) para localizar um “templo secreto” que, ao que os templários acreditam, abrigaria segredos que poderiam explicar a existência dos “seres que habitaram o planeta antes dos humanos”.

     Assim, em sua vinda à América, Haytham tem o papel de recrutar outros templários para buscar mais informações sobre a localização do “templo secreto”, mas principalmente para fortalecer a ordem dos templários na colônia inglesa.

 
Haytham Kenway e Charles Lee
     Controlamos Haytham até o momento em que ele se envolve com uma índia da tribo Mohawk, quando, dessa relação, nasce Connor. Já no papel de Connor (que na verdade possui um nome impronunciável para nós brasileiros), primeiro passamos a controlar a sua infância aprendendo as técnicas de sobrevivência na selva, escalando penhascos e árvores, caçando animais e interagindo de todas as formas com a natureza.

     Em um segundo momento, Connor se vê ameaçado pelos mesmos templários que Haytham havia recrutado e parte para a “Fazenda Davenport” para encontrar o mentor dos assassinos desta época, Aquiles, que já estava bastante fragilizado e com idade bastante avançada. Daí em diante, Connor vai se aperfeiçoando em suas técnicas, tanto físicas quanto psicológicas, de modo a se tornar apto a vestir o manto dos assassinos.

     Seu objetivo é impedir que os templários tomem posse das terras de seu povo (tribo Mohawk), que, por sinal, são os guardiões do templo almejado pelos templários. Com isso, a lista de homens recrutados por Haytham para servirem à causa templária acabou se tornando a própria lista de homens a serem alvos de Connor, e o que se segue é uma história cheia de reviravoltas, em que o assassino interferiu diretamente em algumas das passagens mais importantes da história do início da formação do território norte-americano.

 
Connor combatendo na chuva
 
 

     Após expor um pouco da trama, acho importante informar que a mecânica do jogo mudou consideravelmente (mas claro, os elementos básicos estão lá), e, enquanto jogava, estava bastante frustrado com as habilidades de Connor (que me pareciam bem abaixo das de Ezio), porém, ainda mais frustrado com a força e inteligência dos inimigos, já que eles ficaram mais “espertos”. E eu explico: nos jogos anteriores, enquanto você batia em um inimigo, os demais ficavam “olhando” sem reagir; já neste jogo, ninguém fica parado, e se você não tiver uma boa técnica, vai apanhar muito de todos os lados.

     Também não há mais itens de regeneração de energia como nos tempos de Ezio, ou seja, a gente acaba morrendo muito (muito mesmo) até pegar o jeito, e eu demorei um pouco para aprender. No início eu estava odiando o jogo por conta da dificuldade, somente amenizada com o aprendizado e a utilização correta dos botões e conhecimento dos adversários. Desta forma, é importante perceber que alguns inimigos devem ser combatidos diretamente, enquanto outros devemos primeiro defender para somente depois atacar e outros precisamos roubar sua arma depois de ter defendido um de seus ataques.

     Os botões, na versão PS3 e XBOX 360, são:

- quadrado / X = ataque com lâmina oculta, machado e espada.

- triângulo / Y = ataque (pistola, arco-e-flecha, corda e dardo envenenado) e ações de caça.

- círculo / B = defesa; quando perto de barris, garrafas ou bordas, inicia cena interativa.

- X / A = rouba arma do inimigo; usa o inimigo como escudo quando os soldados se preparam para atirar em você.

     A Ubisoft produziu uma obra prima, em que conseguiu contar a história americana de maneira muito bem montada. Algo que seria impossível se o jogo fosse produzido nos Estados Unidos, com todo aquele exagero de auto-reverência que fazem de si mesmos nas produções cinematográficas. O fato é que vemos no jogo os pontos de vista dos dois lados da guerra e, quando achamos que a razão está com um, logo surge um fato que nos confunde mais uma vez (típico da série Assassin's Creed).
 
 

George Washington precisa de Connor

 
     Muitas figuras lendárias deste momento da história mundial estão presentes, tais como George Washington pelo lado dos patriotas e Charles Lee, pelos ingleses, assim como os eventos mais importantes desta época, como a revolta do chá e a assinatura do documento de independência. Ainda, é interessante notar que inseriram de maneira bastante convincente a participação de Connor nos eventos, de modo a parecer que ele realmente conduziu vários dos fatos que culminaram na guerra.

     Considero bastante importante também que o jogo tenha sido produzido por um país que não fosse a Inglaterra ou os Estados Unidos, pois poderia interferir na forma de abordagem dos fatos. Me refiro à linguagem utilizada no jogo, que em momento algum buscou bajular qualquer um dos lados, sejam os patriotas (americanos) ou os casacas-vermelhas (ingleses). Após finalizar o jogo, ainda existem duas cenas que explicam o que aconteceu aos americanos, aos ingleses e aos índios nativos após Connor dar fim aos planos dos templários. São cenas curtas, mas bem introduzidas.

     As missões e objetivos secundários também estão ótimos, com muita coisa a se fazer. Para quem só quer concluir o jogo, trata-se de um excelente game com uma história bastante envolvente (ainda mais com a dublagem em português, já lançada). Sobre este assunto, inclusive, cabe muitos elogios para a interpretação dos personagens. Contudo, vários personagens de idade avançada claramente possuem uma voz incompatível, mais parecendo um adolescente falando e isso incomoda mais do que se possa pensar.

     Já aqueles que desejam completar o jogo em 100%, como eu, terão que dedicar muitos dias ao jogo, entretido com missões de caça, entrega de encomendas, recrutamento de assassinos, contratos navais, recolher penas, baús, páginas de livro, etc, só para citar alguns.

 
Modo Multiplayer Online
 
 
     Também há o modo online e esse ficou ainda melhor. Além dos modos de jogo de cada um por si e dos desafios em equipe, agora foi acrescentado um modo "horda", denominado de Matilha de Lobos. Sinceramente, achei sensacional esta inserção, pois tantos outros jogos já haviam explorado este universo e agora AC entrou na brincadeira. Neste modo, uma equipe de quatro pessoas se unem para assassinar adversários da CPU valendo pontuação, necessária para se avançar por 25 níveis, devendo trabalhar em equipe e não mais cada um por si.
 
     A trilha sonora está mais simples e não chega a empolgar tanto, mas pelo menos não atrapalha o clima do jogo. Clima este que é todo desenvolvido pela história. Por sinal, recomendo muito a leitura do livro Assassin's Creed: o renegado, que trata do jogo pelo ponto de vista de Haytham. Muitas coisas que o jogo não trata são explicadas neste livro.
 
 
Desmond: Salto da Fé em Nova York
 
     Por fim, Desmond, se vê diante de um grande dilema ao fim do jogo. Cabe somente a ele a responsabilidade de decidir se o mundo será extinto ou se o mundo será … bem, posso dizer que a decisão é bem delicada mesmo (e foi bastante criticada pelos jogadores pelo mundo todo). Os gráficos na parte em que controlamos Desmond está bem pobres e pouco inspiradas. Parece que toda a atenção dos desenvolvedores ficou na parte do Connor mesmo e isso é bastante evidente.
 
     Agora é esperar para ver que futuro a série levará, mas o certo é que não chegou ao fim, pois, a dizer pelo encerramento deste jogo, as possibilidades abertas foram ilimitadas.