28 de julho de 2012

Os Cavaleiros do Zodíaco: Batalha do Santuário – PS3



Antes de mais nada, gostaria de deixar claro que eu sou completamente louco pelos Cavaleiros do Zodíaco e costumo comprar tudo que existe da série, no entanto, sempre senti a falta de jogos para videogame, já que esta é outra paixão minha. Com o anúncio do lançamento de Saint Seiya Senki para 23/11/11, exclusivamente para Playstation 3, não tive dúvidas em comprar o console o mais rápido possível para adquirir o quanto antes este jogo.

Porém, com a notícia da versão nacional do jogo, batizada no Brasil como Os Cavaleiros do Zodíaco: Batalha do Santuário, tive de conter os meus ânimos e ser paciente, e a espera foi longa, mais precisamente 6 meses e 26 dias. Enfim, em 18/06/12 coloquei o jogo para rodar, mas admito que somente dediquei 100% do tempo ao game a partir de 14/07/2012, por conta dos estudos e de outros jogos ainda pendentes que me ocupavam a cabeça.

Agora, falando do jogo efetivamente, quando peguei para jogar foi bastante intenso, e posso assegurar que este é o melhor jogo dos cavaleiros já lançado. Sim, mas isso não o impede de ser pormenorizadamente avaliado por mim em meus critérios extremamente rigorosos. Eu disse que foi o melhor já produzido, mas ainda está longe da perfeição. Aproveito então o espaço para pontuar elementos do game que são dignos de merecer elogios e outros que eu reprovo.

Gráficos:

As armaduras dos cavaleiros estão lindíssimas. Atrevo-me até a dizer que estão perfeitas. No entanto, aquilo que está por baixo delas, ou seja, os personagens, não estão no mesmo padrão de alto nível, principalmente as pernas e os braços, que chegam a ser feios, enquanto que os rostos estão bons. Já os cenários, não tenho do que reclamar. Definitivamente, estão medianos, mas bem feitos.

Honestamente, fico ressentido em nem terem experimentado criar um jogo dos cavaleiros com os gráficos em Cel Shading, dando ar de anime, como os da série Naruto. Não estou dizendo que é melhor nem que é pior, mas gostaria de ver como ficariam. No ensejo, também penso que seria legal inserir cenas do anime para contar a história do jogo, fato que não acontece.

Áudio:

Sobre o som, admito que passei muita raiva de início, mas já superei bastante a indignação por não optarem pela trilha original do anime. Imagino que os direitos autorais devam ter sido um empecilho neste quesito. Aprendi a apreciar um bom sistema de áudio a partir de outros jogos que conheci e percebi o quanto eles ajudam a criar um bom clima no jogo, e as músicas utilizadas aqui até que são animadas, mas estão longe de serem dignas de aplausos.

Quanto a dublagem dos personagens, não tenho do que reclamar dos dubladores japoneses (afinal, não entendo nada mesmo). Contudo, uma dublagem nacional daria um impacto fantástico no jogo. Mas, sendo sincero, acho que ainda não era a hora certa para uma dublagem local, pois um jogo mediano merecia no máximo legendas mesmo, e ficaram ótimas. Agora, sobre a dublagem japonesa, obviamente que eu não entendo nada, mas garanto que há muita empolgação na forma como os golpes são executados. Merece totalmente os meus elogios.

Personagens e Técnicas:

O elenco está como se esperava de um jogo baseado na saga das doze casas, mas com alguns acréscimos inusitados: Seiya trajando a armadura de Odin, Sorento de Sirene e Kanon de Dragão Marinho, entre outros. Para mim, foi mais um motivo para acreditar que em breve possamos ver um novo jogo a ser baseado na saga de Asgard ou de Poseidon (ou ambos, por que não?). Todos os cavaleiros estão bastante fiéis aos originais, com todos os golpes que os caracterizavam na série e outros para dar mais profundidade aos personagens.

Para quem jogou à exaustão os jogos de PS2, este está infinitamente melhor neste aspecto, desde os golpes normais durante o jogo até os especiais. Por sinal, achei muito mais interessante tornar os golpes especiais algo menos frequente, pois, do contrário, acabavam se tornando um golpe comum a ser ativado a todo o momento. Os especiais estão lindos de se ver. Facilmente a gente consegue perceber que o pessoal que produziu o game acompanhou de perto a série.

Ainda, para quem acompanha a série, existem muitas sutilezas que fazem muita diferença na hora de se dar valor ao jogo. Os cavaleiros elevando o cosmo e realizando aquelas posturas clássicas do anime estão perfeitas. Pensa no Seiya movimentando as mãos formando a constelação de pégaso enquanto enfrenta o Cássius no primeiro episódio: sensacional. Além disso, pequenos detalhes, tais como Máscara da Morte pisoteando seu adversário caído, exatamente como aconteceu na luta entre ele e o Seiya na fase Santuário – Hades, fazem toda a diferença para os fãs mais assíduos. A perfeição com que retrataram as técnicas de cada personagem em comparação com o que conhecemos do anime foi o que houve de melhor neste jogo.

Jogabilidade:

O jogo é dinâmico e rápido na medida certa, mas com uma ressalva: quando a tela se enche absurdamente de inimigos, o jogo se torna meio travado, em câmera lenta, por conta do número de personagens que povoam a tela. Apesar disso, este fato está longe de comprometer a jogabilidade. Os golpes são facilmente aplicáveis com triângulo e quadrado para ataques comuns, círculo e R1 (ou círculo + R1) para golpes especiais, L2 para acionar o sétimo sentido, R2 para elevar o cosmo e L1+R2 para explodi-lo, enquanto que o X serve para pular. Poucos botões que evitam confusão até para os menos experimentados em videogame. Já para executar os especiais que liberam uma animação, basta apertar R2 no momento do ataque do golpe especial, somente realizado com o sétimo sentido ativo.

Contudo, para mim, existe uma pequena falha neste quesito, pois muitas vezes em que a gente quer emendar um sequência de socos e chutes, não há necessariamente alguém por perto para receber a pancada e o nosso personagem acaba acertando o nada. O personagem Shiryu é um dos que mais sofrem com isso, pois, diferente do Seiya, do Hyoga e do Ikki, por exemplo, não possui uma técnica que o permita lançar poderes à distância (o cólera do dragão vai para cima), tornando-o praticamente um cavaleiro especialista em luta corporal. Mas, no geral, os controles do jogo estão muito bons, sendo bastante próximos da perfeição.

Menus:

Aqui, há pouco o que falar. Apesar de estarem bastante claros e simples, tenho uma pequena ressalva, aliás, que me incomoda bastante. O jogo incentiva que a gente realize as missões com todos os personagens, tendo em vista a necessidade de se evoluir o nível deles para se tornarem aptos para enfrentar os inúmeros níveis de dificuldade do jogo, mas os menus não ajudam nesta parte. Quando a gente encerra uma missão, necessariamente deve retornar ao primeiro menu do jogo e seguir cada menu subsequente para conseguir realizar uma nova missão. Não sei se ficou claro. A ideia é o seguinte: você termina uma missão e já quer partir para outra, mas o game te devolve para a tela inicial do jogo. No mínimo, incômodo.

Modos de Jogo :

Quando falamos em Cavaleiros do Zodíaco, a primeira imagem que nos veem à mente é a saga das doze casas. Ok. Realmente ela foi um marco, mas não foi tudo. Quando anunciaram o jogo, ainda em tom de especulação, logo torci para que fossem contempladas diversas passagens do anime, e não somente as lutas contra os cavaleiros de ouro. Primeiro, por que seria apenas uma cópia do jogo de PS2. Segundo, por que gostaria de ver as outras sagas sendo apresentadas nos videogames. Doce engano. Novamente veríamos os cavaleiros de bronze atravessarem as doze casas no modo história e quase nada a mais, mas ficou bom.

Além do modo história, que dispensa detalhes, temos o modo missão, que consiste em um conjunto de percursos em que a gente tem a possibilidade de escolher qualquer um dos cavaleiros para percorrer. Vão desde lutar seguidamente contra alguns cavaleiros de ouro a ter que atravessar em sequência diversos trajetos que levam a alguma das doze casas.

No modo missão, também há o cooperativo, que consiste na escolha de dois personagens (que pode ser o segundo player ou o CPU) que se unem para enfrentar um dos cavaleiros, e o modo sobrevivência. Em tempo, após zerarmos pela primeira vez o modo história do jogo, abre-se a história solo do Aioros, que nada mais é que um resumo rápido e fraco sobre a sua fuga do Santuário, com diálogos inventados e cenas estáticas. Ainda, existem as histórias solo do Aioria, da Marin, da Shina e do Ikki. Admito que a ideia foi boa, mas a execução nem tanto.

Comentários Gerais:

O sistema do jogo consiste em avançar pelas doze casas, enfrentando o exercito de soldados rasos nas escadarias e os cavaleiros de ouro ao final de cada percurso. Quando comparamos com o anime, a diferença é que os cavaleiros de bronze não enfrentavam inimigos enquanto estavam nas escadas, mas pode ter certeza que este acréscimo foi muito bem vindo. Além disso, vários diálogos presentes na série e outros inventados são reproduzidos (em japonês com legendas em português) enquanto atravessamos o Santuário, tornando a experiencia ainda mais próxima daquilo que aconteceu nos episódios.

Ter que percorrer o Santuário para salvar a vida de Atena é uma tarefa prazerosa, desde que seus personagens estejam em um nível adequado ao nível de dificuldade selecionado. Caso contrário, poderia se tornar um tormento. Principalmente pelo fato de que todos os cavaleiros devem ser enfrentados no mínimo duas vezes (aceitável), enquanto que outros são nossos adversários por três vezes (tolerável) e ainda há o cúmulo de termos que lutar contra Máscara da Morte de câncer e o Mestre do Santuário por quatro vezes. Ninguém merece.

No mais, as doze casas do Santuário estão muito bem retratadas, incluindo a Sala do Mestre, o Templo de Atena e Star Hill. Então, minha crítica é justamente para aquilo que não fizeram, ou seja, deixaram de lado todo o resto. Achei que ficou extremamente forçado ver Misty (cavaleiro de prata) e os cavaleiros negros lutando nas doze casas, sendo que poderiam ter recriado um estágio no Vale da Morte (para enfrentar os cavaleiros negros) e uma praia para enfrentar o Misty. Ainda, perderam a chance de criar uma fase extra para abrigar Sorento e Kanon no templo de Poseidon ou Radamanthys no castelo de Hades.

No geral, dentro do propósito do jogo, ele realmente se saiu bem com a proposta de avançarmos pelas escadarias e finalizar o percurso enfrentando um dos cavaleiros de ouro, porém, sinto que poderiam ter criado algo mais próximo de um RPG. Coletar itens, descobrir lugares secretos, criar relacionamentos etc, todos estes elementos se encaixariam perfeitamente no perfil do anime Saint Seiya. Este, contudo, é mais um desejo meu do que uma crítica. Só acho que o potencial da série seria muito melhor explorado se seguissem por este caminho.

E se minhas críticas foram basicamente para aquilo que faltou, meu elogio vai para o elemento que agregou bastante valor ao jogo: as legendas em português. Verdade seja dita, estão (quase) perfeitas. Definitivamente, valeu a pena esperar pela versão nacional. Se você pensar nelas e associá-las às animações que passam na tela, você chega a imaginar que está assistindo a um episódio, passando um filme na sua cabeça. Claro que me refiro aos fãs que já assistiram algumas vezes à série, mas para quem não assistiu, é um privilegiado por poder conhecer esta história por meio de um jogo, ainda que de forma resumida. Por sinal, as animações entre as lutas ficaram muito legais, dando realmente um ar de episódio (apesar de eu ainda preferir que fossem cenas do próprio anime).

Sistema de Evolução:

O jogo possui 8 níveis de dificuldade que vão do Elementar ao Divino, e o nosso sucesso em cada um desses níveis depende do quanto evoluímos os nossos personagens. Para ser sincero, gostei bastante da ideia de adicionar ao game o conceito de levels (níveis), muito utilizado em RPGs, mas achei que a evolução dos personagens poderia ser (bem) mais rápida. Me passa a impressão de que o jogo não rende, afinal, a gente joga por horas e não ganha pontos de experiência suficientes para compensar o tempo dispensado na partida.

Conclusão:

O jogo cumpre bem o seu propósito, sendo o seu maior defeito a falta de ousadia. Para não ser totalmente injusto, os golpes e as armaduras ficaram maravilhosos. Para o próximo jogo, caso haja, inserir a trilha original, dublagem brasileira, cenas do anime, incluir todas as sagas, gráficos em cel shading e um sistema de jogo parecido com games de RPG para mim já bastaria: nota 10 fácil. Enquanto esse dia não chega, entre pontos fortes e fracos, este game até que se saiu bem, mas penso que mereça ser jogado por fãs, por crianças, por colecionadores de trofeus (PS3) e por pessoas não perfeccionistas que só querem se divertir. Qualquer um que não se encaixe neste perfil, pode refletir uma opinião infeliz sobre o jogo.

Entre erros e acertos: [NOTA 7.5]

VIDEOANÁLISE BAIXAKIJOGOS: LINK